Para mim, arrumar mala costumava ser um tormento. Não sabia que roupas levar, acabava colocando um monte de peças que eu gostava de maneira aleatória e desconexa, ocupava muito espaço levando mais do que o necessário e acabava não usando metade do que levei. E, pra piorar, acabava não gostando de nenhum dos looks que montava durante a viagem e ficava frustradíssima passeando pelas ruas de um local novo sem me sentir bem comigo mesma.
Quando tinha todo o meu guarda-roupa a meu dispor, na minha casa e na minha cidade, eu conseguia montar looks que gostava, já que dispunha de muitas combinações, mas, na hora de ter que escolher uma quantidade limitada de itens, eu travava. Garanto que muita gente se identifica com isso, né?
Depois que comecei a estudar sobre moda sustentável, no entanto, comecei a prestar mais atenção ao meu guarda-roupa e à coerência dele como um conjunto. Isso me fez perceber que não adianta ter um monte de peças se elas não conversam entre si. Esse conhecimento, naturalmente, passou a se estender para a arrumação da minha mala. Me toquei que o que faltava em mim na hora de montá-la era justamente essa coerência.
Nessa última semana fui ao Rio de Janeiro passar cinco dias passeando, e, como vocês devem saber, é cada dia mais difícil levar muita bagagem para as viagens de avião, por causa das limitações das companhias aéreas. Isso nos força, ainda mais, a montar malas de viagem inteligentes e compactas. O que a princípio me parecia uma tarefa hercúlea, com o tempo, passou a significar um ótimo exercício de criatividade e de aperfeiçoamento das minhas habilidades de sintetização. Pois bem, fiquei muito satisfeita com a bagagem que montei dessa vez, e vou explicar rapidamente qual foi minha estratégia para levar pouca coisa e montar vários looks diferentes e interessantes.
Primeiro, foi importante saber o motivo da viagem e que tipos de local eu iria frequentar. Fui a passeio, então a ideia era bater perna e, no máximo, sair para algum restaurante legal à noite. Isso me fez definir o tipo de roupa que eu deveria levar: roupas confortáveis para passeio e roupas mais arrumadinhas para sair para comer.
Segundo, pesquisei como estaria o tempo lá. Outubro no Rio de Janeiro já é quente, no máximo pode dar uma leve esfriada caso chova um pouco. Então eu tinha que levar roupas frescas e algum casaco leve só de precaução.
Pois bem, com o tipo de roupas que eu deveria levar em mente, montei na minha cabeça uma paleta de cores. As peças que eu levaria deveriam estar dentro dessa paleta para garantir que todas iriam conversar entre si. Escolhi, dessa vez, cores neutras: preto, branco, cinza, bege e, no máximo, um azul clarinho, quase cinza.
Para finalizar, separei peças dentro dessa paleta que podem ser usadas em diversas ocasiões. Por exemplo: bermudas de linho são confortáveis e frescas, e, ao mesmo tempo, arrumadas o suficiente para sair para um lugar mais legal à noite. Poderia usar, então, em mais de uma circunstância. A mesma lógica eu segui para as demais peças: blusas, calças, e casaquinhos.
Até os biquinis que levei estavam dentro da paleta e poderiam ser usados de outras maneiras. Gosto muito, por exemplo, de colocar um biquíni ou sutiã com um blazer por cima e sair pra outros lugares que não a praia. Basta usar a criatividade que a gente pode abrir o leque de possibilidades de uma peça que não parece tão versátil.
Meu marido, a princípio, tinha dito que gostaria de fazer alguma trilha por lá pelo Rio de Janeiro, então eu teria que levar alguma roupinha de malhar para encarar esse programa. Escolhi um shortinho mais solto que também poderia ser usado como short de passeio e um top de malhar que pode muito bem se passar por um cropped. Acabamos não fazendo a trilha, mas usei o shortinho de malhar para um dia de passeio normal e adorei o look confortável, fresco, e casual que montei com ele. Essa é uma ótima opção também para quem não abre mão de malhar mesmo quando está viajando!
Outra coisa que gosto de fazer é apostar em acessórios. Como eles são pequenos e leves, posso levar várias opções para dar diferentes cara aos looks e até mesmo acrescentar cores à paleta de cores base que defini para as peças de roupas. Colares, lenços, brincos e cintos são ótimas formas de incrementar uma produção sem ocupar muito espaço na mala!
No final dessa viagem me senti muito orgulhosa da mala que montei e de perceber como meu estilo está mais maduro, coerente e cada dia mais minha cara. Isso significa que tenho olhado para mim cada vez mais e entendido o que combina comigo e com meu estilo de vida. Meu guarda-roupa se transforma e está preenchido com o que faz sentido pra mim, e minha mala reflete isso. Agora viajo com uma mala de mão e muitas opções, porque minhas roupas conversam entre si e representam quem eu sou.